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Caroço
de Algodão na Alimentação Bovina
Zootec.
Dr. Sérgio Savastano
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O
caroço de algodão é um sub-produto obtido nas
máquinas algodoeiras, após a retirada da pluma, e tem
grande utilidade na nutrição de ruminantes.
Sua
composição bromatológica varia principalmente
em função da proporção de linter, que
são as fibras de celulose que restam aderidas ao caroço,
depois que a pluma é extraída. O teor de umidade também
é bastante variável. Quando o algodão é
colhido mais maduro, geralmente o teor de umidade é menor.
O ideal, portanto, é que toda partida de caroço de algodão
seja analisada em laboratório, para se determinar seu real
valor nutritivo.
Quando não for possível realizar tal análise, pode-se considerar que o caroço de algodão apresenta a seguinte composição bromatológica média, na base seca:
O caroço de algodão é considerado um alimento muito palatável para ruminantes, e ”completo", porque reúne características de alimento volumoso (> 18% de FB na MS), de concentrado protéico (> 20% de PB na MS) e de concentrado energético (rico em energia).
O
problema do gossipol Apesar de suas qualidades, ocorre no caroço de algodão um fator anti-nutricional, chamado gossipol. O teor de gossipol livre (GL) varia, conforme o cultivar, de 0,5 a 1,0% na MS. Cultivares resistentes a pragas geralmente têm maior teor de gossipol. Certas variedades provenientes da África do Sul registram até 5% de gossipol. Podem ocorrer variações no teor de GL entre partidas do mesmo cultivar.
Portanto, o caroço de algodão é indicado principalmente para fêmeas adultas e machos em fase de terminação, para abate.
Calculando
o “preço de oportunidade” do caroço de algodão
O preço do caroço de algodão pode ser comparado com o do milho (concentrado energético) e do farelo de soja (concentrado protéico), através da seguinte equação:
onde M = preço do milho em grão (R$/t) e F = preço do farelo de soja (R$/t). Por exemplo, assumindo que o milho esteja custando R$220,00/t e o farelo de soja R$312,00/t (na base natural), então o preço-de-oportunidade do caroço de algodão será de R$320,17/t de MS. Se o teor de MS do caroço for de 92%, o preço-de-oportunidade corrigido será de R$294,56/t.
Quando o preço de mercado estiver abaixo do preço-de-oportunidade, será vantajoso adquirir o caroço de algodão. Se o preço de mercado for maior, então será preferível utilizar milho e farelo de soja como fontes de energia e proteína na ração.
Como armazenar o caroço de algodão:
Na propriedade rural, o caroço deve ser armazenado sobre estrados, em local seco, bem ventilado e protegido da luz solar direta. Deve-se evitar formar pilhas muito grandes e a temperatura do caroço estocado deve permanecer baixa. O teor de umidade deve ser acompanhado freqüentemente, passando o caroço pelo secador sempre que o teor de umidade for superior a 10%. Na propriedade que não dispõe de secador ou de uma boa estrutura de armazenamento, deve-se evitar estocar o caroço por muito tempo.
Como
fornecer: a) o caroço de algodão deve ser fornecido apenas para ruminantes adultos. Sua introdução na dieta deve ser feita moderadamente, permitindo que haja a adaptação do animal ao seu uso. O ideal é fornece-lo no cocho, misturado com outros alimentos (volumoso ou concentrado). O trato diário deve ser dividido em duas vezes ou mais, se possível. O caroço também pode ser incluído em rações completas, porém sua forma física, granulada e pouco densa, dificulta seu uso em misturadores mecânicos junto com ingredientes farelados. Porisso, é preferível distribuir o caroço separadamente, no cocho, sobre o restante da ração.
c)
o caroço de algodão estimula a ruminação.
Portanto, ele deve ser fornecido inteiro, sem moer ou amassar, permitindo
que o óleo seja liberado mais lentamente, a medida que vai
sendo ruminado. Assim, o prejuízo à digestão
ruminal ficará minimizado, em comparação com
outras fontes de óleo insaturado.
A fibra presente na dieta é fundamental para o bom funcionamento
do rúmen e para a saúde do ruminante, e também
é importante para a síntese da gordura do leite. Recomenda-se
o mínimo de 17% de fibra na dieta para que não haja
redução do teor de gordura do leite. Isso não
é simples quando se trata da alimentação de vacas
de alta produção leiteira, cuja dieta deve ser rica
em concentrados, necessários para fornecer toda a energia requerida
para a lactação.
O
caroço de algodão é especialmente recomendável
para essa categoria, justamente porque fornece fibra efetiva (de alta
qualidade, presente no linter) e energia, além de proteína.
Além disso, algum óleo do caroço escapa da digestão
ruminal devido a sua encapsulação pela casca e linter.
Após ser digerido no intestino, esse óleo pode ser incorporado
diretamente na gordura do leite, melhorando sua composição
em ácidos graxos insaturados, melhores para a saúde
do consumidor. Em determinadas condições em que o caroço
é fornecido acima de 15-20% da dieta, o teor de gordura do
leite chega a aumentar, embora o teor de proteína diminua.
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