Estudantes de escolas técnicas, produtores, técnicos e representantes de prefeituras estiveram reunidos no dia 2 de maio no auditório do Centro de Cana, durante a Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação (Agrishow), para uma manhã de palestras tendo como foco “Ações do Governo de São Paulo para o desenvolvimento sustentável e a promoção da segurança alimentar”. O evento foi programado em conjunto entre a CATI e a Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios (Codeagro), instituições que têm projetos voltados à agricultura familiar. O secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Francisco Jardim, participou da abertura junto com os coordenadores da CATI, João Brunelli Júnior, e da Codeagro, José Valverde Machado Filho.
O secretário, que é médico veterinário e sempre acompanhou as ações da Defesa Animal quando ainda era um departamento da CATI, frisou a importância de se promover a segurança alimentar, uma das metas colocadas pelo seu antecessor, deputado federal Arnaldo Jardim, quando esteve à frente da Pasta.
CATI e Codeagro apresentaram os resultados de dois importantes projetos: o Projeto Microbacias II – Acesso ao Mercado, que será finalizando neste ano depois de uma trajetória que promoveu o desenvolvimento de mais de 300 entidades de produtores rurais, entre associações e cooperativas e o Edital Paulista – Compras da Agricultura Familiar, que lançado em 2016 já apresenta resultados significativos.
A palestra da socióloga Marcia Cristina de Moraes, da Assessoria de Organização Rural da CATI, teve como tema “A quebra de paradigma da extensão rural: o Microbacias II”, que demonstrou como o projeto, que teve início em 2008, veio a modificar a maneira de pensar e agir de associados e cooperados. Marcia lembrou que antes as ações de extensão era aumentar a produção e a produtividade e hoje o mote é comercializar. “Comercializar não é vender, é muito mais do que isso; é preciso conhecer a dinâmica de mercado, saber colocar preço, gerir os negócios, aumentar a qualidade do que produzem, ser competitivo”, lembrou a socióloga.
O coordenador da CATI apresentou os números do Microbacias II, citou exemplos de associações e cooperativas que ganharam autonomia, cresceram e passaram a gerir melhor os seus negócios. Brunelli apresentou também os resultados da Avaliação de Impacto que considerou a evolução do valor comercializado por associações e cooperativas que participaram do projeto Microbacias comparadas com outras que não participaram detectando um aumento médio de 87% nas vendas. “O Projeto promoveu ganhos como a melhoria na qualidade da gestão, a diversificação do leque de produtos produzidos, o aumento do número de cooperados e associados, entre outros. Além disso, houve ganhos qualitativos que não podem ser medidos, como o aumento da auto-estima”, argumentou Brunelli.
Foram citados resultados de algumas Iniciativas de Negócio aprovadas e já com resultados em algumas cadeias produtivas e convidados associados que deram depoimentos sobre como o Projeto Microbacias mudou totalmente a realidade de suas entidades. De Santa Cruz da Esperança o exemplo veio da cadeia do leite. O produtor João Antonio do Nascimento relembrou que a associação tinha “um resfriador de leite sobre um caminhão emprestado”. Com a compra, por meio de recursos do projeto, compraram um caminhão com capacidade para 4 mil litros de leite e com os ganhos auferidos, em nova Proposta de Negócio adquiriram outro com capacidade para 9 mil litros de leite. Outro exemplo veio da Cooperativa dos Fruticultores de Cândido Rodrigues (Cofrucar), município atendido pela CATI Regional Jaboticabal. A história de êxito foi contada pelo técnico da CATI, Francisco Antonio Maruca e pelo representante da Cofrucar, Ângelo Roberto Mancin que passaram da renda de R$ 4 mil pela lichia revendida para intermediários para uma renda de R$ 30 mil com a mesma quantidade comercializada via Cofrucar.
O terceiro exemplo foi do ex-motorista de caminhão, Orlando Miranda dos Santos, conhecido como “Fumaça”, que assumiu, sem entender nada de produção rural, “eu apenas casei com uma produtora”, conta com seu jeito divertido, uma falida associação de produtores de limão. “Chegamos a ter cinco associados apenas, mas com a ajuda da CATI e do Diógenes Kassaoka (diretor do Instituto de Cooperativismo e Associativismo, órgão da Codeagro), em pouco tempo, já tinha tanto dinheiro em caixa que tivemos que virar uma cooperativa”. Fumaça contou a história de sucesso da Cooperativa dos Produtores Rurais de Urupês, a Cooperlimão, que hoje já começa a pensar em exportação do limão tamanha a produção e a qualidade dos limões dos seus cooperados após a aplicação dos recursos do Projeto Microbacias II – Acesso ao Mercado. A nutricionista Cinira Penafort, da Prefeitura de Guairá, falou sobre a alimentação escolar dizendo não se tratar mais de “uma merenda, mas uma alimentação real, com nutrientes necessários ao desenvolvimento de crianças e jovens” e a exigência da compra de produtos da agricultura familiar.
A palestra a seguir foi do diretor do ICA Diógenes Kassaoka, que apresentou o Institucional do Mapa da Agricultura Familiar e falou sobre a plataforma “Edital Paulista” lançado em 2016 pela Codeagro (www.codeagro.agricultura.sp.gov.br). Pioneira no Brasil, o Edital Paulista reúne os editais em circulação no Estado de São Paulo, auxilia prefeituras a montarem os seus, as cooperativas e associações a participarem de programas de aquisição de alimentos da agricultura familiar como do Programa Nacional da Alimentação Escolar (PNAE), do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), do Programa Paulista da Agricultura de Interesse Social (PPAIS) além de oferecer vários indicativos da produção da agricultura familiar. O Edital Paulista foi disponibilizado em 2016 com pouco mais de 300 editais disponíveis para consulta e participação, em 2017 mais do que dobrou este número e em 2018, até o momento, já estão cadastrados 228 editais.
“São dois projetos que se complementam, ações integradas que visam contribuir com o agricultor familiar paulista”, lembrou José Valverde, coordenador da Codeagro logo no início da manhã. Valverde também falou sobre algumas outras ações da Codeagro como o projeto “Bom Preço do Agricultor” que oferece a 80 produtores rurais espaço para a comercialização direta dos seus produtos. O espaço no Jabaquara, na capital paulista, recebe cerca de 15 mil pessoas por semana ou 60 mil por mês. “Vamos avançar com a instalação de mais dois pontos de venda direta”, contou Valverde. Em relação ao Edital Paulista, a plataforma vem ajudando associações e cooperativas a buscarem mercado para os seus produtos.
Mais informações: (19) 3743-3870 ou 3743-3859