Com foco em ações do plantio ao produto final, parceria entre a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) e o Instituto Agronômico (IAC) produz resultados positivos no desenvolvimento da cultura no município, que tem atraído visitantes de diversas regiões paulistas
No último dia 15 de julho, representantes da Cooperativa dos Produtores Rurais e da Agricultura Familiar do Município de Juquiá (Coopafarga) – município localizado no Vale do Ribeira e ligado à área de atuação da CATI Regional Registro –, juntamente com membros da prefeitura municipal; e produtores rurais de Bofete, município ligado à esfera de atuação da CATI Regional Botucatu, visitaram o município de Santa Maria da Serra, pertencente à esfera de atuação da CATI Regional Piracicaba.
A visita, conduzida pelo engenheiro agrônomo Gustavo Ferraz de Arruda Vieira, da CATI Regional de Piracicaba, e pelo pesquisador do IAC José Carlos Feltran, especialista em melhoramento genético da mandioca, teve como objetivo aprofundar conhecimentos na cultura da mandioca desde o plantio até o processamento final.
“Entendemos que a cultura da mandioca é muito importante do ponto de vista econômico e social, principalmente para a agricultura familiar. Sendo assim, iniciamos um trabalho na Regional, iniciando com produtores do município de Santa Maria da Serra, que tem tradição no cultivo e também sedia agroindústrias de produtos da mandioca. Por conta dos resultados obtidos, temos recebido visitas técnicas de produtores e interessados de outras regiões do estado”, explica Ferraz, salientando que os visitantes receberam orientações detalhadas sobre espaçamento adequado das plantas, técnicas de adubação, uso de equipamentos e práticas de manejo essenciais para o cultivo.
A visita aconteceu na Fazenda Prainha, próxima ao Rio Piracicaba, no momento do plantio de mandioca. “Foi bem interessante essa coincidência, pois a variedade plantada foi a IAC 576-70, que tem alta produtividade, tempo de cozimento reduzido e alto teor de beta-caroteno, precursor importante da vitamina A no corpo humano, e foi possível detalhar essas informações para o grupo ”, informa Feltran, pesquisador do IAC, que apresentou as características das variedades de mandioca destinadas à indústria e à mesa, destacando os esforços em curso para desenvolver novas cultivares que atendam às demandas do mercado.
Visita à agroindústria
Na Agroindústria Magno Mandioca, que processa cerca de 300 toneladas da raiz por mês durante a safra, Guilherme Della Coletta, engenheiro agrônomo responsável pelas áreas de cultivo da mandioca e pelo processamento na fábrica, guiou os visitantes em todas as etapas, desde a chegada da matéria-prima até o armazenamento do produto final, destacando a importância crucial da mão de obra nesse setor.
“Há uma grande demanda nessa cadeia produtiva e temos constado que, no campo, o trabalho árduo desencoraja muitos trabalhadores, resultando em alta rotatividade e escassez de mão de obra disponível para conduzir as atividades e realizar a colheita. Na indústria, ainda não existe uma máquina que substitua eficientemente o descascamento manual da mandioca, o que mantém essa tarefa predominantemente nas mãos das mulheres, que se destacam nessa área”, comentou Coletta, ressaltando que os interessados em iniciar ou expandir a cultura precisam ter estes pontos em atenção para traçar um plano de produção sustentável.
Troca de experiências e panorama atual sobre mercado
Durante a visita, os participantes tiveram a oportunidade de compartilhar experiências, discutir desafios e explorar oportunidades. O presidente da Coopafarga, Sidnei dos Santos Passos, mencionou que a cooperativa recebeu incentivos do Programa Microbacias II (executado pela CATI entre os anos de 2011 e 2018), resultando em um significativo avanço na cadeia produtiva da bananicultura e fortalecendo os cooperados. “Por isso temos interesse em ingressar Ele também expressou o interesse atual da cooperativa em ingressar no mercado da mandioca.
Os produtores de Bofete destacaram as dificuldades que enfrentam na comercialização da mandioca de mesa.
Durante o encontro, os participantes discutiram estratégias para escalonamento de plantio e para acesso ao mercado. Em visita à fábrica de farinha de mandioca Plaza, o gerente administrativo Tiago Henrique Zani, além de mostrar o processo realizado na empresa, falou sobre a importância de remunerar a mandioca com base no teor de amido, e não apenas pelo peso total, um aspecto que precisa ser melhor compreendido pelos produtores.
Sobre o tema, Gustavo Ferraz destacou as dificuldades enfrentadas pelo setor devido aos baixos preços da mandioca no momento. Segundo o agrônomo da CATI, em fevereiro de 2023, os preços recebidos pelos produtores estavam em torno de R$ 1.200,00 por tonelada e hoje estão em menos da metade. “Com o aumento dos custos de produção e a redução nos preços pagos aos produtores, muitas áreas estão sendo substituídas por outras culturas. Isso tem levado as agroindústrias locais a buscar mandioca em regiões mais distantes. Mas como a mandioca é muito importante quando falamos em segurança alimentar, a extensão rural e a pesquisa tem investido em tecnologia para aumento de produtividade, qualidade e abertura de novos mercados para os produtores paulista”.
Sucesso da atividade
“Esse encontro foi uma oportunidade valiosa para fortalecer a cadeia produtiva da mandioca, promovendo conhecimento e colaboração entre os produtores, instituições e agroindústrias. A mandioca, com seu potencial nutricional e econômico, continua a ser uma peça-chave na agricultura brasileira, merecendo toda a valorização e atenção”, avalia Gustavo Ferraz, informando que ao final do dia, os participantes receberam produtos derivados da mandioca, como farinha e cerveja, mostrando a versatilidade dessa raiz.