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CATI Regional Ribeirão Preto testa, em parceria, um novo mix de produtos para cultivo orgânico

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Para oferecer alternativas de novos produtos para cultivo, a CATI Regional Ribeirão Preto procurou parcerias e montou Unidades de Adaptação de Tecnologia (UATs) e Unidades Demonstrativas (UDs)  para testar, averiguar e demonstrar o comportamento de variedades de batata; mandioquinha-salsa ou batata-baroa, como também é conhecida; e alho. Tratam-se de produtos que não são normalmente cultivados nessa região, mas que por isso mesmo podem obter bons preços de mercado. Além disso, estão com valor agregado, justamente pelo fato de serem produzidos no local (valorização da origem) e oferecidos por produtores orgânicos, dois quesitos importantes para consumidores mais exigentes.

Para a instalação das unidades, foram escolhidos os municípios de Santa Rosa do Viterbo, São Simão, Cajuru, Cássia dos Coqueiros e Ribeirão Preto. Em todos, os produtores são parceiros da extensão e ajudam a verificar os resultados, tanto em relação ao cultivo, ao comportamento em relação às pragas e doenças, ao ciclo (mais longo ou mais curto), como também relativo à comercialização. E os produtores que não terceirizam, mas vendem a sua própria produção, são enfáticos em afirmar que as batatas “não têm voltado para casa”, pois a aceitação tem sido muito grande.

“Elas são muito mais saborosas e quem compra batatas de cultivo orgânico, não quer saber de outras”, contam as produtoras Luciana Cristina Alves, do Sítio Ridelutha, de Santa Rosa do Viterbo, e Geny Arruda de Luca, do Assentamento Santos Dias, de Ribeirão Preto. Ambas são agricultoras familiares e comercializam seus produtos em vários pontos de venda de orgânicos disponibilizados pelo município de Ribeirão Preto. Além de vender e dar dicas sobre as variedades de casca fina ou grossa, elas ensinam receitas. Luciana aproveitou para vender até as bem miudinhas, normalmente descartadas, ensinando a servir como aperitivo, em conserva. “Na agricultura familiar nada pode ser perdido, temos que aproveitar tudo e as batatinhas fizeram o maior sucesso entre as minhas clientes”, conta Luciana, que tem um ponto de venda em frente à Escola Waldorf, em Ribeirão Preto. Nesse bate-papo, as produtoras/vendedoras também apresentam aos seus clientes um questionário com perguntas abertas e fechadas preparado em conjunto pelos técnicos da CATI e pela pesquisadora Sally Blat, do Polo Regional Centro-Leste, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), com o intuito de saber um pouco mais sobre as preferências dos consumidores.

As batatas para multiplicação foram obtidas do Banco de Germoplasma do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, e o plantio foi feito com minitubérculos produzidos pela Apta. A pesquisa está sendo comandada pela pesquisadora da Apta Regional Centro-Leste, Sally Ferreira Blat, e pelo assistente de planejamento da CATI Regional Ribeirão Preto, engenheiro agrônomo Carlos Henrique de Paula e Silva, com o auxílio dos demais técnicos da Regional e/ou das cinco Casas da Agricultura onde as Unidades de Adaptação de Tecnologia foram implantadas. Segundo o pesquisador José Roberto Scarpellini, responsável pela unidade da Apta Regional Centro-Leste, “já foram feitas várias ações entre pesquisa e extensão, mas agora essa parceria conta com um incentivo a mais, pois segue uma determinação da Secretaria de Agricultura e Abastecimento para que seus órgãos trabalhem de forma coordenada e integrada”.

                        


Os minitubérculos de batata foram doados pela pesquisa e plantados em abril de 2016; a colheita ocorre entre 90 e 120 dias, ou seja, as UATs estão em plena fase de colheita. As cultivares de batata que estão sendo avaliadas em cinco UATs, sendo três em sistema orgânico, um em convencional e outro em fase de transição, são a Aracy, Aracy ruiva, Itararé, Ibituaçu, sendo usada a cultivar Ágata, líder de mercado, como testemunha. As várias características agronômicas e comerciais estão sendo avaliadas, como porcentagem de emergência, cobertura do solo, doenças, ciclo, produtividades total e comercial, distúrbios fisiológicos, classificação e, na comercialização, a pesquisa quali-quantitativa relativa ao consumo da batata e ao perfil do consumidor.

Além das batatas, outra hortaliça que está sendo testada, mas em forma de Unidade Demonstrativa (UD) para divulgação aos produtores da região, é a mandioquinha-salsa, também conhecida como batata-baroa. Estão sendo utilizadas variedades desenvolvidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), neste caso uma variedade mais antiga, a Amarelo de Senador Amaral, já bem disseminada, e outra mais nova, a Catarina. “O objetivo é demonstrar que os produtores podem investir em produtos alternativos, pouco comuns em regiões quentes, como Ribeirão Preto e entorno, locais onde há muita procura e o retorno financeiro torna-se muito bom para o produtor”, explicam Carlos Henrique e o zootecnista André Eduardo Faria, responsável pela Casa da Agricultura de Cravinhos, onde foram implantados 300m2 para demonstração. A colheita vai variar de oito a 12 meses após o plantio. No momento as plantas estão viçosas, prometendo uma boa produção.

No caso do alho, também se trata de uma cultivar desenvolvida pela Embrapa, a Hozan, que tem como característica principal não necessitar de vernalização. “É uma característica fundamental para os nossos agricultores familiares, que podem multiplicar por 10 a área de plantio original”, explica o engenheiro agrônomo Sérgio Veraguas Sanchez. Na vernalização é preciso colocar o alho em câmaras frias por 50 dias ou mais, a uma temperatura muito baixa (de 3 a 7 graus centígrados), mas sem a necessidade de utilizar essa técnica o custo de produção cai e é possível ao pequeno produtor ampliar a sua área de cultivo em regiões mais quentes. As Unidades Demonstrativas já estão colhendo o alho e, para demonstrar os resultados, a CATI Regional Ribeirão Preto preparou um Dia de Campo no dia 11 de agosto, no município de Guatapará, também da área de atuação da CATI Regional Ribeirão Preto.

Todas essas ações fazem parte do Projeto CATI Olericultura, conforme explica o diretor da CATI Regional Ribeirão Preto, zootecnista Michel Golfetto Calixto. “Temos uma equipe trabalhando em várias frentes, promovendo parcerias com outros órgãos e em constante diálogo com os produtores, para que possamos oferecer alternativas e atender às demandas que chegam até nós. Vamos ter outras novidades nessa oferta de um mix de produtos; a próxima a ganhar uma atenção especial será a couve-flor”, afirma Calixto, prometendo novidades para a olericultura na região.


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