Com quase 500 visualizações no canal do YouTube e de 260 pessoas presentes em dois dias de programação, a realização do 5.° Dia Nacional da Abelha e o 1.° Dia da Agroecologia reafirmou a vocação da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento, para atuar nas cadeias da apicultura e meliponicultura de forma integrada com a produção agroecológica
Você gosta de frutas e legumes? Se a resposta é sim, então você gosta do que as abelhas fazem. Esses e muitos outros vegetais não existiriam ou seriam muito diferentes sem a polinização feita por esses insetos. As berinjelas, por exemplo, seriam menores que maçãs. O café, bebida que é paixão nacional, teria uma redução de mais de 30% na produção. A laranja quase desapareceria. Sendo assim, se pensarmos que as abelhas são responsáveis por 85% da reprodução das culturas agrícolas e plantas silvestres, por meio da polinização, caso haja um desequilíbrio na população de abelhas, haverá um desequilíbrio das comunidades de plantas e dos animais que delas dependem, bem como na manutenção dos ecossistemas.
E nesse contexto, pensar na conservação das abelhas é pensar também em produção sustentável em harmonia com o meio ambiente. Sendo assim, unir as duas frentes, em um trabalho de forma unida, foi o objetivo da realização conjunta dos dois eventos, que espelham as ações de campo que têm sido realizadas em todo o âmbito paulista.
“Celebrar o Dia da Abelha é celebrar a vida. Tanto a apicultura como a meliponicultura são atividades produtivas que incorporam em seu conceito o princípio da conservação dos bens naturais. Por isso, realizamos este evento com o objetivo reafirmar o nosso compromisso, como extensionistas, com o desenvolvimento das atividades de apicultura e meliponicultora no Estado de São Paulo, visando não só incentivá-las como cadeias produtivas geradoras de renda e emprego, mas, principalmente, como uma forma de sensibilizar a sociedade em geral da importância das abelhas para a manutenção da vida e para o desenvolvimento da biodiversidade”, explica Osmar Mosca Diz, engenheiro agrônomo da Departamento de Extensão Rural (Dextru)/CATI, organizador do evento, informando que “Trabalhar com a Agroecologia significa conservar os bens naturais, tais como a água, a terra, o ar, assim como as áreas de preservação contidas nos agroecossistemas. Além disso, a Agroecologia é um modo de produzir que dispensa a necessidade de aplicação de insumos e produtos tóxicos nos roçados, haja vista que, por meio dos métodos e práticas agroecológicas de produção, se priorizam a vida do solo − do qual provém a saúde das plantas, dos alimentos e de toda a sociedade − e a preservação das abelhas”.
A solenidade de abertura contou com participação da Orquestra dos Patrulheiros. Entre as autoridades presentes, o secretário do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Campinas, Rogério Meneses, e o coordenador substituto da CATI, José Augusto Maiorano, celebraram a parceria em diversos projetos que tenham sustentabilidade e educação ambiental no município.
Homenagens
Durante a solenidade de abertura, foram homenageadas pessoas especiais que contribuíram e contribuem para o avanço das atividades de apicultura e meliponicutura, bem como da Agroecologia e da conservação do solo.
Foram homenageados: Constantino Zara Filho (in memorian), ex-presidente da Associação Paulista de Criadores de Abelhas Melíferas Europeias (Apacame); Eloi Vianna da Silva, atual presidente da Apacame; Afonso Peche Filho, engenheiro agrônomo e pesquisador científico do Instituto Agronômico (IAC), que dedica sua vida à conservação do solo e da água, sendo um incansável defensor das abelhas; e Leandro Biral, engenheiro agrônomo e especialista ambiental da CATI Regional Piracicaba, atuando como extensionista rural na Casa da Agricultura de São Pedro, com foco no desenvolvimento da agricultura familiar e do cooperativismo, com base em princípios da Agroecologia, e como guardião de sementes crioulas, organizando feiras de trocas de sementes em todo o âmbito paulista.
Programação
Desenhado como um espaço de debate e aprofundamento do conhecimento a respeito da importância das abelhas e das atividades econômicas oriundas de sua criação, os eventos contaram com uma programação abrangente e diversificada. Durante dois dias, o público pode acompanhar palestras e participar de oficinas realizadas na CATI, em diferentes espaços ao redor do Projeto Fazendinha Feliz, onde há o parque das abelhas; visita técnica; e uma grande feira de produtos apícolas e da Agroecologia, bem como de sementes crioulas, artesanato, culinária com plantas alimentícias não convencionais (PANC) e plantas medicinais. Além disso, a programação contou com a presença de representantes dos povos tradicionais, indígenas e quilombolas, apresentando e comercializando sua culinária típica e artesanatos. O ciclo de palestras e a Feira foram sediados no Instituto Agronômico (IAC), parceiro da CATI no evento.
No Ciclo de Palestras, foram abordados temas como Produção de floradas, pelo pesquisador do IAC Afonso Peche; Conservação e manejo de abelhas nativas, pela dra. Kátia Braga, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Meio Ambiente; Agricultura e Agroecologia sob a ótica das abelhas, pelo engenheiro agrônomo Flávio Chueri, da Casa da Agricultura de Bofete/CATI Regional Boticatu; O mundo maravilhoso da abelha mandaçaia e a Agroecologia, pelo prof. Antonio Carlos Pereira Jr., do Meliponário Paraitinga; Atualidades da apicultura brasileira, pela prof.ª Lídia Barreto, da Câmara Setorial do Mel, Unitau e Faamesp; CSA - Comunidade que Sustenta a Agricultura, movimento social que aproxima o campo e cidade por meio da Economia Solidária, da CSA Brasil.
Outro ponto de destaque da edição deste ano foi a presença da CATI Sementes e Mudas, que fez uma exposição de mudas de espécies florestais e frutíferas silvestres e comerciais, com garantia de qualidade. “Além de esclarecer dúvidas e divulgar os procedimentos corretos para o plantio das mudas, para que os agricultores e interessados obtenham uma maior e melhor produtividade, também atendemos um grande número de pessoas que fizeram encomendas de nossas mudas, as quais podem ser retiradas em nosso viveiro de Campinas, ligado à CATI Regional Campinas, e em outros núcleos no território ppaulista”, explica Edegar Petisco, engenheiro agrônomo da CATI Sementes e Mudas, que participou do evento.
Acompanhando agricultores da Coopasat, que expuseram e comercializaram seus alimentos produzidos no sistema agroecológico, com Certificado da Transição Agroecológica, baseado no Protocolo desenvolvido pela CATI, David Rodrigues, extensionista da CATI Regional Mogi das Cruzes, fala sobre o tema e a importância de eventos como esse.
“A realização da Transição Agroecológica pelos agricultores familiares significa a adoção de uma nova forma de ver o solo, a planta e a própria vida. No início, pode parecer difícil, mas com persistência e orientação técnica adequada, está pronta a equação da virada para um caminho sem volta. Propiciando comida de verdade, no campo e na cidade, a Agroecologia é vida e saúde para quem planta e quem consome. E poder trazer os agricultores para participar de eventos como esse, é excelente e uma grande oportunidade para troca de experiências e incentivo ao consumo saudável e responsável, aproximando quem produz e quem consome”.
Sobre o evento, os organizadores fazem um balanço muito positivo. “Foi um grande evento no qual, além do considerável público participando de forma presencial (260 pessoas nos dois dias) e também on-line (quase 500 visualizações até o momento), tivemos uma belíssima Feira do Mel, do Artesanato e da Agroecologia, com 32 expositores nos prestigiando com a sua presença e os seus produtos. Tivemos, ainda, a participação dos Povos Indígenas e Quilombolas, que vieram do litoral sul de São Paulo e do Vale do Ribeira trazer seus artesanatos e culinária. E tanto participantes quanto expositores se mostraram felizes, gratos e orgulhosos pela obtenção de novos conhecimentos, pelo espaço de troca de experiências e pela oportunidade de negócios”, celebra Osmar Diz, destacando que “a CATI está cumprindo o seu papel de levar conhecimento e técnica para todos os públicos, em especial extensionistas, educadores, criadores de abelhas e interessados”.
Dia da Abelha
O dia 3 de outubro, estabelecido no calendário oficial do Ministério do Meio Ambiente como o Dia Nacional da Abelha, é uma oportunidade para a conscientização sobre o trabalho essencial desses pequenos seres para a manutenção da vida na Terra. Considerando sua importância para o meio ambiente e para a própria agricultura, a CATI vem aprimorando seu compromisso com a produção sustentável, executando ações em todas as regiões paulistas, estando cada dia mais empenhada na conscientização da comunidade rural para a importância de se preservarem as abelhas.