Programa Cacau SP impulsiona a produção de amêndoas com qualidade no noroeste paulista

05/11/2024
Cleusa Pinheiro – Jornalista (MTB 28.487) – Centro de Comunicação Rural (Cecor)/CATI/SAA – cleusa.pinheiro@sp.gov.br

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A qualidade do cacau de São Paulo foi atesta e chancelada! Após o sucesso do chocolate produzido com amêndoas de cacaueiros instalados na Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) Regional de Pariquera-Açu, no âmbito do Programa Cacau SP no Vale do Ribeira, que alcançou a primeira colocação na Categoria Chocolate Intenso do I Prêmio Associação Bean to Bar Brasil 2024 – Para Chocolate do Cacau à Barra, concorrendo com chocolates produzidos com amêndoas de Estados tradicionais, como Pará e Bahia, o Programa Cacau SP desenvolvido pela CATI e por parceiros está intensificando as ações para aprimorar os processos de produção em campo e beneficiamento de amêndoas.

“Depois da repercussão do prêmio, estamos investindo ainda mais na produção com qualidade, ampliando o foco do Vale do Ribeira também para o noroeste paulista. Temos áreas de cultivos em várias cidades da região de São José do Rio Preto, onde os frutos colhidos têm se mostrado além da expectativa em tamanho, brix (doçura), qualidade etc. Um exemplo foi a recém-colheita na propriedade do produtor Luiz Milani, da cidade de José Bonifácio, onde, após a chuva, o cacau teve pouquíssima germinação (que influencia negativamente no fruto), um brix de 16 graus e uma qualidade altíssima, com boa mucilagem, bem como de tamanho acima da média; por exemplo, 38 caixas de cacau fruto, com média de 19,3kg, as quais renderam 5,6kg de cacau mole por caixa; um rendimento excelente”, explica Fioravante Stucchi Neto, engenheiro agrônomo integrante do Grupo Técnico de Cacau da CATI.

O engenheiro agrônomo Flávio Roberto Benatti (camisa verde) e Eloisio Capoia (auxiliar de apoio agropecuário), da Casa da Agricultura de Adolfo, entusiastas do Programa Cacau SP, participam da quebra dos frutos colhidos na propriedade do produtor Luiz Milani (abaixo, de camisa verde), atestando a alta qualidade das amêndoas.

Stucchi Neto destaca também que a parceria com os produtores e interessados contribuirá muito para o aprimoramento da qualidade do cacau na região. “Um exemplo aconteceu justamente com essa produção do sr. Milani, pois o comprador de toda a sua produção, o produtor e empresário Marcelo Gumieiro, que há dois anos iniciou o plantio de cacau em sua cidade, Valentin Gentil, com o apoio do Programa, doou parte da produção adquirida para que possamos, junto com os pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), parceiro no Cacau SP, realizar um protocolo de análise das amêndoas cacau da região, com testes e estudos para mapear todo o processo de fermentação para obtenção da melhor qualidade”.

“Com orientação, apoio, tecnologia e conhecimento transmitidos pelos técnicos da CATI, implantamos nosso sistema integrado de produção com cacau, banana (cultura que fizemos a primeira colheita este ano) e açaí. Participar do Programa Cacau SP se mostrou um ‘casamento perfeito’ para um futuro projeto de estabelecer a empresa da minha família como integradora com outros pequenos produtores: ao mesmo tempo em que produzo o cacau, também vou adquirir de outros produtores da região, além de oferecer a eles o serviço de processamento de cacau, com torrefação e secagem. E agora, com o respaldo da pesquisa da CATI e do Ital nesse sentido, será a base para o fortalecimento da região como produtora de cacau e chocolate de qualidade”, explica Marcelo Gumieiro, proprietário da Gumkee Chocolates.

O produtor Marcelo Gumieiro (esq.) e o engenheiro agrônomo Fioravante Stucchi Neto celebram a parceria e a excelente colheita do cacau no noroeste paulista.

Capacitação favorecerá a multiplicação de conhecimento em tecnologias de pós-colheita e produção de chocolate de qualidade

Para colocar em prática o protocolo de ações para obtenção de amêndoas e chocolate de qualidade, integrantes do Grupo Técnico de Cacau da CATI e pesquisadores do Ital estão sendo capacitados, por meio de uma parceria público-privada por um consultor especialista em pós-colheita e fermentação. “Este treinamento, cujo primeiro módulo concluímos no final do mês passado, tem como objetivo final capacitar a equipe para elaborar cursos voltados aos interessados em produzir chocolate bean to bar, a partir de amêndoas de qualidade produzidas em solo paulista, com foco na saudabilidade do chocolate como alimento funcional. Para tanto, estabeleceremos um Protocolo de Boas Práticas de Fermentação e Secagem para obter um produto de qualidade superior, com foco no consumidor final. No primeiro treinamento, analisamos a peculiaridade de cada material de cacau disponível, empregando a melhor técnica de fermentação e secagem para cada um, visando obter o melhor resultado. Na próxima etapa, que será realizada com as amêndoas cedidas pelo produtor Marcelo Gumieiro, o treinamento enfatizará a produção de chocolate de qualidade seguindo esse protocolo, bem como de coprodutos como chá, pó de cacau, suco de cacau, mel, farinhas e manteiga para diversificar a oferta de produtos e aumentar a rentabilidade do produtor com agregação de valor à sua produção em campo”, explica Stucchi Neto.

Além disso, segundo o agrônomo da CATI, o objetivo futuro engloba a expansão dos cursos voltados às políticas públicas, como é o caso do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). “A expectativa é capacitar representantes da rede de ensino de municípios interessados em inserir o chocolate, oriundo de amêndoas paulistas, como alimento funcional na merenda escolar, bem como seus subprodutos, como a experiência pioneira e exitosa que ocorre no município de Mendonça, onde a parceria da CATI com a prefeitura municipal, por meio da Casa da Agricultura, e os produtores locais, tem produzido resultados excelentes, com centenas de alunos da rede pública tendo acesso a chocolate com alto teor de cacau, como mais um alimento funcional oriundo da agricultura de São Paulo, especialmente de pequenas propriedades”, informa Stucchi Neto.