Durante as comemorações dos 49 anos da Coordenadoria de Assistência Técnica e Extensão Rural (CATI), realizada no dia 20 de junho, o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, anunciou a atualização da base cadastral do Levantamento Censitário das Unidades de Produção Agropecuária (Lupa), que terá reflexos na elaboração e no aprimoramento de políticas públicas. “Por respeito à história da CATI anunciamos, durante as comemorações de seus 49 anos, que daremos início à atualização do Lupa, o qual é um instrumento para fotografar a realidade da produção agropecuária paulista, visando à elaboração de um diagnóstico que permitirá um maior planejamento e dará consistência às políticas públicas de apoio aos nossos produtores. Por conta de o setor agropecuário ser um dos que mais utiliza tecnologias, que vão desde técnicas de produção e manejo, passando pelo desenvolvimento de novas cultivares, até a utilização de agricultura de precisão, precisamos de uma ampla visão do setor”, destacou o secretário.
A atualização será realizada pela Secretaria, por meio da CATI e do Instituto de Economia Agrícola (IEA), com o apoio da Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) e Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios (Codeagro). “Esse levantamento é primordial, principalmente neste momento, em que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) anunciou que não irá realizar um censo agropecuário nacional”, afirmou Arnaldo Jardim, enfatizando que a atualização do Lupa garantirá mais agilidade e precisão para atender às diretrizes do governador Geraldo Alckmin: apoio ao pequeno produtor e à agricultura familiar; saudabilidade dos alimentos; incentivo à pesquisa e ao conhecimento; e promoção de uma agricultura harmônica com o meio ambiente.
O coordenador da CATI, José Carlos Rossetti, explicou que o Lupa está na sua terceira edição e será realizado entre agosto de 2016 e julho de 2017, explicando o porquê desse período. “Estamos empenhados nessa atualização do Lupa, pois sempre é preciso buscar novos modelos para obtenção e tratamento das informações, ou seja, fazer uso de um Sistema Integrado de Estatísticas Agrícolas, necessariamente dinâmico, detectando novas tendências a cada período que, consequentemente, nos levarão ao uso de métodos mais adequados de gerência e planejamento do desenvolvimento sustentável, ou à criação de outros, mais convenientes”, avalia Rossetti, explicando que o levantamento será realizado no ano agrícola, que começa em agosto e vai até julho do ano seguinte.
De acordo com o engenheiro agrônomo da CATI, Antônio José Torres, um dos coordenadores do Lupa e autor do projeto regional que deu origem à elaboração do levantamento em nível estadual (ver informações abaixo), esse trabalho é fundamental para a melhoria da gestão da agricultura paulista, por meio de políticas mais ajustadas, e proporcionando melhorias nas estatísticas agrícolas que serão disponibilizadas para todo o setor. “Com essa terceira edição do Lupa, São Paulo terá um quadro atualizado da agropecuária, com informações gerais das Unidades de Produção Agropecuária; o uso e a ocupação do solo; um cadastro básico sobre os produtores, com informações socioeconômicas; sobre a propriedade e as tecnologias associadas à cada exploração agropecuária; máquinas e equipamentos; benfeitorias e instalações; acesso a programas governamentais e ao crédito rural. Esses dados compilados possibilitarão organizar ações voltadas ao planejamento e direcionamento das políticas púbicas, entre outras ações”, disse.
Novidades da terceira edição do Lupa
Nesta nova fase, o Lupa será preenchido de forma digitalizada, o que otimizará o trabalho de compilação dos dados. “Nas outras edições, a ficha cadastral era preenchida à mão, pelos recenseadores e depois digitalizadas”, explica Mário Ivo Drugowich, diretor do Centro de Informações Agropecuárias (Ciagro/CATI), e um dos integrantes do grupo gestor do Lupa.
Essa modernização é resultado da aplicação de recursos do Projeto Microbacias II, da ordem de mais de R$ 4 milhões, na aquisição de 650 microcomputadores de bolso, PDA (Personal Digital Assistent), os quais foram disponibilizados às Casas da Agricultura do Estado. “Fizemos uma capacitação para representantes das 40 Regionais da CATI, que foram multiplicadores das informações e do roteiro para utilização do PDA, para os extensionistas das Casas da Agricultura de sua região. Além disso, a equipe do Ciagro e do IEA, desenvolveu e adaptou um software específico para o equipamento”, informa Mário Ivo, dizendo que entre tantas vantagens desse aparelho, possui, além das funções de um computador, as de um GPS de navegação e uma câmera fotográfica com georreferenciamento. Esses equipamentos, após o Lupa, servirão como ferramenta para os técnicos das Casas da Agricultura, na utilização de softwares para o desenvolvimento dos seus trabalhos corriqueiros, como o aplicativo que o Ciagro está desenvolvendo para possibilitar o enquadramento em Classes de Capacidade de Uso das Terras, para efeito de embasamento a projetos técnicos de conservação do solo como determina a legislação vigente.
Outra novidade foi a reformulação de alguns dados da ficha cadastral, para fazer a inserção de novas informações a serem coletadas. “Apesar de o número de unidades de produção não terem sofrido mudanças significativas ao longo dos anos – pois novas unidades são criadas, em sua maioria, a partir de desmembramentos ou anexação de propriedades –, o Lupa é um retrato temporal da estrutura fundiária, do uso e da ocupação do solo, de tecnologias agregadas e do perfil do produtor paulista. Por isso, é importante inserir novos questionamentos como foi o caso de perguntas sobre a Integração Lavoura, Pecuária e/ou Floresta (ILPF) e o Cadastro Ambiental Rural (CAR), no que diz respeito à produção sustentável; caracterização de público com necessidades especiais, para fins de projetos de acessibilidade na área rural; melhor caracterização da mão de obra envolvida na produção; participação da agropecuária na renda familiar; e atividades rurais econômicas não agropecuárias, como é o caso do turismo rural; todas relacionadas às demandas atuais”, explica Mário Ivo.
O primeiro levantamento foi realizado entre 1995 e 1996, o segundo entre 2007 e 2008, tendo este último envolvido cerca de três mil profissionais entre pesquisadores, recenseadores e técnicos da Secretaria e das prefeituras municipais. “Na coleta dos dados desta atualização estarão envolvidos funcionários das Casas da Agricultura, das Regionais e Departamentos da CATI, mas contaremos com o apoio das prefeituras, cooperativas e dos sindicatos, tendo em vista completar o nosso quadro de recenseadores, para que possamos abranger todo o Estado, dentro do prazo previsto. Esses colaboradores serão apoiados pelos técnicos da CATI”, afirma Mário Ivo.
Dados consolidados do último censo estão disponíveis no site www.cati.sp.gov.br
Um pouco sobre o Lupa
Segundo Mário Ivo, o embrião do Lupa foi gerado na década de 1990, com um projeto idealizado pelo engenheiro agrônomo Antônio José Torres, em Araçatuba, que fez um levantamento sobre os produtores e a agropecuária local. “A partir dessa iniciativa, foi possível projetar ações para realizar o levantamento de dados em nível estadual, com o apoio do engenheiro agrônomo Bernardo Lorena Neto, da Divisão de Extensão Rural da CATI, e do especialista do IEA, Francisco Alberto Pino.
O cadastro do Lupa é diferenciado do utilizado pelo IBGE, tendo apenas uma folha frente e verso, contra cerca de 10 do censo nacional. “Por conta disso, obtemos informações objetivas, mas com uma visão macro, que podem ser utilizadas de forma abrangente, também para realizar estatísticas por amostragem - para que os municípios recebam sua proporcionalidade no repasse de ICMS de forma justa-, realizar planejamento estratégico e visualizar cenários futuros para investimentos na agropecuária, inclusive para a iniciativa privada”, elenca Mário.
Um exemplo de análise de cenário futuro, que se desdobrou em ações práticas implementadas pela Secretaria, por meio da CATI, após a identificação, pelo Lupa, das áreas que seriam deixadas vagas pela migração da cultura da cana de áreas tradicionais no Estado. “Por conta de legislação que, entre outros temas, proibiu as queimadas e levaram à intensa mecanização da colheita, houve uma especial migração de áreas com relevo desfavorável à mecanização. Por meio do Lupa foi possível fazer um “raio x” dessas áreas, identificando as possibilidades de introdução de novas atividades agropecuárias, enumeradas nas cadeias produtivas priorizadas pela CATI (bovinoculturas de leite e corte, heveicultura, olericultura, aquicultura, café e fruticultura), como alternativas para os produtores locais, após a recuperação dessas áreas que estavam degradadas, pelo Projeto Integra SP. Com isso, foi dado início a um projeto de reordenamento espacial da ocupação agrícola para a agregação de valor do agronegócio, ou seja, identificamos as culturas que mais se adequariam ou poderiam expandir nas áreas da cana, levamos tecnologias e conhecimento para os produtores e, por meio do Projeto Microbacias II, associações e cooperativas locais foram fortalecidas e beneficiadas com recursos que possibilitaram a agregação de valor à produção, com a construção de agroindústrias, packing houses, áreas para processamento mínimo e beneficiamento, entre outras. Tudo isso foi realizado com ações de assistência técnica e extensão rural, direcionadas para este contexto, por capacitações que foram realizadas para o corpo técnico da CATI, atuante nessas áreas”, avalia Mário.
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